Nesta edição: Onde investem os brasileiros? Utilizamos os dados mais recentes (Maio-2025) da Anbima para detalhar em que ativos estão investidos os R$7.9 trilhões investidos pelos brasileiros. Além disso, detalhamos quais as diferenças entre os investimentos do Private (investidores com mais de R$ 3 milhões em ativos financeiros) e Varejo (investidores com menos de R$ 3 milhões em ativos financeiros).
Autores desta edição: André Sobreira e Ivano Westin, sócios-fundadores da Uinvex.
Conteúdo baseado no Radar Uinvex, material escrito pessoalmente pelos fundadores da Uinvex ou por experts renomados em suas áreas de atuação sobre temas relevantes do mercado de investimentos.
Distribuição geográfica e diferença entre Varejo e Private
Dos R$7.9 trilhões investidos pelos brasileiros, há (como é de se esperar) uma grande concentração na região Sudeste. São Paulo concentra mais de 45% de todos os investimentos, seguidos pelo Rio de Janeiro (12%) e Minas Gerais (7.9%). A região Sul concentra ao todo 17.1% de todos os investimentos, o Nordeste 9.1%., e outras regiões valores menores.
Os investidores de Varejo (com menos de R$3 milhões) respondem por 70% ou R$5.4 trilhões do total de R$7.9 trilhões investidos, enquanto que o setor Private (investidores com mais de R$3 milhões) respondem por 30% do total de investimento. O valor médio por conta dos investidores de Varejo—calculado como volume total investido dividido pelo número de contas—é de aprox. R$30 mil, enquanto que o patrimônio médio do Private é de R$3 milhões.
Classes de ativos
A grande maioria (46%) dos investimentos dos brasileiros está alocada em títulos e valores mobiliários (ativos ‘puros’ de renda fixa e renda variável, como ações, CDBs, CRIs, etc), seguidas de fundos de investimentos (23.1%), previdência (18%) e poupança (12%).
Nota importante: Não são considerados pela Anbima valores investidos na poupança abaixo de R$100 (cem reais).
Quando olhamos a diferença de alocação por classes de ativos entre o segmento Varejo e o Private, temos a principal diferença que o Private tem aplicações muito maiores em fundos de investimentos e títulos e valores mobiliários (que em conjunto representam 86.6% de todos os investimentos do Private, comparados com 57.8% para o segmento Varejo), e aplicações muito menores em poupança e previdência (em conjunto, 11.1% dos investimentos totais do Private, comparado com 39.7% do total de investimentos do Varejo).
Fundos de investimento
Entrando especificamente na classe de fundos de investimentos, a maior parte dos recursos (51.8%) está alocado em fundos de renda fixa, em segundo lugar (33.6%) fundos multimercado (que tem estratégia mais ampla, podendo investir em ações, renda fixa, no Brasil e no exterior, dependendo do mandato de cada fundo), e em terceiro lugar os fundos de ações representando “somente” 14.1% do valor total investido.
Ao compararmos a diferença de alocação entre Private e Varejo, temos uma forte preferência pelo Varejo por fundos de renda fixa (71.9% do total do Varejo, versus 30.4% do total do Private), enquanto que o Private tem a maior parte dos seus recursos concentrados em outros tipos de fundos (49.6% em multimercado e 19.8% em fundos de ações, comparados com 18.5% e 8.7% para o Varejo, respectivamente).
Fundos estruturados
Entre os fundos estruturados, os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) se destacam, representando 57.1% do total, seguido pelos FIPs (Fundos de Investimento em Participações) com 19.4%, e FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) com 16.2%. O Varejo investe pesadamente mais em FIIs do que o Private (64.7% versus 38.4%), enquanto que o Private tem uma concentração muito mais forte em FIPs (44.8% do total dos investimentos versus 9.1% para o Varejo).
Títulos e valores mobiliários
O Brasil, como já mencionamos em Radares anteriores, é o país da renda fixa, que representa, entre títulos públicos e privados, 76.4% de todos os investimentos nessa categoria no Brasil. A renda variável (ações) representa somente 21.1%.
Curiosamente, os títulos privados de renda fixa tem uma representatividade muito maior do que os títulos públicos (70.6% versus 5.8% respectivamente).
Entre o Varejo e o Private, há algumas diferenças interessantes:
- Private mais presente em ações (40.4%) do que o Varejo (10.1%).
- Varejo mais presente em renda fixa (86.1%) do que o Private (59.1%).
- COEs representam uma participação muito maior no Varejo (3.7%) do que no Private (0.5%).
Renda fixa
Dentre os ativos de renda fixa, os CDBs/RDBs são os mais representativos (39.1%), seguidos das LCAs (18.3%), LCIs (14.6%), Títulos públicos (7.3%) e Debêntures, CRIs, CRAs e COEs, cada um com percentuais entre 3.0% e 5.0% do total investido em renda fixa.
Diferenças relevantes entre o segmento de Private e Varejo:
- O Private investe muito menos em CDBs/RDBs do que o Varejo (14.6% do total versus 48.3% do total respectivamente).
- Private investe mais em LCIs, LCAs, CRIs e CRAs do que o Varejo (essas classes combinadas, 57.5% do total do Private versus 34.1% do Varejo).
- Private investe mais em Debênture do que o Varejo (8.6% versus 3.6% respectivamente).
- Private tem investimento relevante (12.8%) em outros tipos de ativos de renda fixa (em sua maioria, Letra Imobiliária Garantida e Letras Financeiras) em quais o Varejo quase não investe (1.9%)
Bons investimentos,
Andre Sobreira & Ivano Westin
Sócios fundadores da Uinvex