Nesta edição: Neste Radar, fazemos um breve histórico dos principais movimentos da taxa de juros e inflação no Brasil dos últimos 30 anos, em 7 gráficos.
Autor desta edição: André Sobreira e Ivano Westin, fundadores da Uinvex.
Conteúdo baseado no Radar Uinvex, material escrito pessoalmente pelos fundadores da Uinvex ou por experts renomados em suas áreas de atuação sobre temas relevantes do mercado de investimentos.
A taxa Selic é a principal taxa de juros do Brasil e serve como referência para o custo do dinheiro no país. Ela é definida pelo Banco Central a cada 45 dias para ajudar a controlar a inflação, que é o aumento geral dos preços dos produtos e serviços. Quando a inflação está alta, o Banco Central aumenta a Selic para tornar os empréstimos mais caros e diminuir o consumo, ajudando a segurar a alta dos preços. Quando a inflação está baixa, ele reduz a Selic para estimular o consumo e o crescimento da economia.
A alta persistente dos preços de um país (alta inflação) requer um remédio, que se chama aumento da taxa de juros – que em 18 de junho de 2025 foi elevada para 15%, o nível mais alto desde 2006.
Isso tem vários efeitos no dia-a-dia das pessoas:
Nos últimos anos, o Brasil enfrentou períodos de inflação alta, principalmente após a pandemia, quando os preços subiram muito rápido. Para conter essa inflação, o Banco Central aumentou a Selic várias vezes desde 2024, passando de 10.50% para 15% em poucos meses. Historicamente, quando a inflação sobe, o Banco Central aumenta a Selic para evitar que os preços saiam do controle, mesmo que isso torne o crédito mais caro e o crescimento econômico mais lento. Esse é um remédio necessário para evitar que o dinheiro perca valor rapidamente e que os preços fiquem fora de controle, o que prejudica especialmente camadas da população de renda mais baixa.
Portanto, a Selic alta é uma medida para tentar proteger o seu dinheiro da inflação, mas que também torna o crédito mais caro e pode apertar o orçamento das famílias no curto prazo.
Conforme nota do – Banco Central do Brasil¹: “Manter a inflação sob controle, ao redor da meta, é objetivo fundamental do Banco Central (BC). A meta para a inflação é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A estabilidade dos preços preserva o valor do dinheiro, mantendo o poder de compra da moeda. Para alcançar esse objetivo, o BC utiliza a política monetária, política que se refere às ações do BC que visam afetar o custo do dinheiro (taxas de juros) e a quantidade de dinheiro (condições de liquidez) na economia. No caso do BC, o principal instrumento de política monetária é a taxa Selic, decidida pelo Copom.
A taxa Selic afeta outras taxas de juros na economia e opera por vários canais que acabam por influenciar o comportamento da inflação.”
Analisamos os últimos 30 anos de histórico dessas duas variáveis no Brasil, e fazemos um breve resumo dos principais movimentos em 7 gráficos.
No gráfico acima vemos um claro movimento do efeito do Plano Real na inflação, caindo vertiginosamente de níveis acima de 40% ao ano para níveis abaixo de 5% ao ano já em 1998. Coma queda da inflação, baixa-se também a taxa de juros da economia, em um movimento de tendência de queda geral até o começo de 2007.
Algumas exceções pontuais nesse período, visíveis no gráfico acima: (i) a crise dos Tigres Asiáticos de 1998, gerando volatilidade na taxa de juros brasileira para proteger o poder do recém criado Real, devido a fuga de capital de países emergentes, e (ii) em 2002–2003, alta e posterior queda tanto de juros como de inflação devido às incertezas dos agentes econômicos causada pela transição de poder governo FHC-2 e primeiro governo Lula.
Após a tendência geral do período anterior de queda de juros e inflação, se estabelece em 2007–2012 a tendência de estímulos econômicos gerais que levará, no período seguinte, à crise econômica de 2016.
Nesse período, temos duas tendências claras:
De 2013 a 2016, temos ambas inflação e juros atingindo máximos históricos dos últimos 10 anos. O Banco Central tenta reverter a queda de juros do período anterior, fazendo um aumento brusco para tentar conter a inflação, que persiste em aumentar.
Esses movimentos geraram a maior crise da história recente do Brasil, com queda do PIB de 4 trimestres de -4.5% no segundo trimestre de 2016 (queda esta maior do que a queda de 2020 devido a pandemia, vale ressaltar), gerando a crise política que culminou com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff em agosto de 2016.
No período pós 2016 até 2020 (primeiros meses da pandemia), tivemos um movimento consistente de tanto queda de juros como de inflação:
Após a primeira onda da pandemia, temos dois movimentos bastante claros:
A partir da estabilização do patamar da taxa de juros do período anterior, juntamente com a estabilização e volta da inflação para níveis baixos (após a subida brusca pós-pandemia), o Banco Central começa um ciclo de queda de taxa de juros, saindo de 13.75% no começo de 2023 para um mínimo de 10.50% em maio de 2024.
A partir da metade do ano passado, começa o movimento de ambas as taxas que domina o noticiário econômico atual:
Bons investimentos,
Andre Sobreira & Ivano Westin
Sócios fundadores da Uinvex